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Tiago Pimentel
Críticas dos leitores para: tiago_pimentel@hotmail.com

sexta-feira, março 25, 2005

Sobre Birth...

Um filme que fui ver recentemente e me sinto, confesso, dividido pelo fascínio e pela frustração. Sinto-me fascinado pela sua extraordinária concepção visual, pelo rigor milimétrico de uma mise-en-scéne e uma decoupáge que resgata o valor da montagem e a forma como pode e deve enriquecer sempre o projecto. Recupera o sentido de tempo na montagem, gerindo laboriosamente o tempo de duração de cada imagem e a forma como duas imagens dialogam. O filme deriva desse esquematismo que, nunca sendo gratuito, é sempre programático, um pouco como Kubrick filmava as suas histórias, de uma distãncia visionária como um cientista a colocar as peças num mundo definido por outras regras, outras formas de respirar, olhar e comunicar. Mas não deixo de confessar a minha frustração no fim do filme. Porque se há tanto talento na imagem, já no argumento tudo me parece algo tosco. Como se as reacções humanas fossem contaminadas pelo sonambulismo de cortar à faca que emana da atmosfera do filme. Shyamalan filma corpos dominados por um sonambulismo semelhante mas nunca os entregou a uma espécie de letargia de reacções. De facto, todas as personagens neste filme me parecem reagir sem credibilidade a toda a história. A certa altura, quero acreditar, mas nada do que é humano no filme me cativa. E a premissa não era simples mas o tom sonâmbulo que emerge da passividade dos personagens parece-me um caso claro de contaminação que a matéria humana sofreu da estilização total do filme. Seja como for, Birth é um filme que tem de ser visto, quanto mais não seja porque tem Nicole Kidman num dos seus mais extraordinários desempenhos.

Tiago Pimentel

sábado, março 12, 2005

Fui ao concerto dos Keane, com abertura a cargo de Rufus Wainright. Bom, posso desde já assumir que gosto bastante dos hinos pop/rock que os Keane conseguiram construir neste seu álbum de estreia. Fui com curiosidade de descobrir se os três membros da banda se aguentam ao vivo durante um espectáculo inteiro e, para confirmar algumas suspeitas minhas, apercebi-me que não. A falta de um guitarrista, sobretudo num espectáculo ao vivo, nota-se e de que maneira; o alinhamento torna-se cansativo e monocórdico sempre com o acompanhamento do piano, sem o som eléctrico de uma guitarra para abrir a música. Depois, as baladas que eles tocaram, incluindo duas do segundo álbum ainda por editar, parecem-me absolutamente desinspiradas e do mais xaroposo que encontrei. Tudo isto agravado por um vocalista sem carisma nem sentido de presença e entertainment em palco. Esta banda tem ainda muito para aprender, mas sem guitarrista posso afirmar com elevada precisão que não durarão muito mais tempo. Tudo isto numa noite onde nem o Rufus se safou...

Tiago Pimentel

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