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Tiago Pimentel
Críticas dos leitores para: tiago_pimentel@hotmail.com

terça-feira, janeiro 23, 2007



Um pequeno comentário às nomeações para os Oscars. Por uma questão de gestão de expectativas, havia inúmeros dilemas que as nomeações, felizmente, não ajudaram a resolver. Isto é, as divisões entre filmes como Babel, The Departed e Little Miss Sunshine aparentavam aguardar apenas o momento das nomeações para cederem à simpatia (por vezes excessivamente frívola) do musical contemporâneo e despretensioso sempre bem recebida pelos membros da Academia. Mas Dreamgirls, apesar de coleccionar o maior número de nomeações (oito), não está nomeado para os Oscars de Filme e Realizador, um acontecimento inédito nos Oscars e que desenha, desde já, contornos estatísticos e de análise da própria indústria muito interessantes. É bom que se percam lentamente as ideias feitas que, por vezes, reduzem o interesse desta cerimónia (ideias como o filme mais nomeado ganha sempre; se ganha Realizador também ganha Filme; o filme que ganha o Oscar de Filme é sempre o que ganhou mais Oscars, etc).
Saber contrariar estas ideias institucionalizadas não só na mecânica da cerimónia mas também nas expectativas do espectador, devolve um novo sentido de espectáculo à cerimónia tornando-a, novamente, num acontecimento surpreendente. Mais do que isso: se Babel, eventualmente, vencer o Oscar, a Academia desafiará também um velho estereótipo institucionalizado e que tem servido de aríete aos seus maiores críticos. A saber: poderá vencer um filme que vendeu pouco! O conceito de que a popularidade e sucesso comercial andam sempre de mãos dadas com a ribalta dos Oscars está cada vez mais desactualizado. Determinados fenómenos culturais e tecnológicos (nomeadamente a massificação do dvd) poderão ajudar a justificar uma pluralidade de públicos cada vez maior e, por aí também, a atenção da Academia aos microcosmos cinematográficos que se vão gerando não só em Hollywood, mas também no resto do mundo.

Nos actores, a surpresa quase chocante com a ausência de Jack Nicholson dos nomeados (The Departed sai um pouco enfraquecido das nomeações, esperava-se mais...). Nas categorias principais cada vez mais dois nomes parecem sobressair: Forest Whitaker e Helen Mirren. Apesar de nada estar decidido e tudo parecer muito pouco óbvio este ano, cumprir-se-à seguramente o percurso do costume e as próximas semanas serão decisivas para a gestão de expectativas, nomeadamente com a entrega do DGA e dos SAG. O PGA já atribuido a Little Miss Sunshine poderá conceder-lhe algum favoritismo, embora seja, neste momento, impossível avançar com um favorito destacado. E ainda bem que assim é! É bom não esquecer que a cerimónia é também um espectáculo e o factor surpresa é fundamental para aguentar os espectadores até ao fim da emissão. Mas muito mais do que um espectáculo de atribuição de prémios que confirmam ou desmentem os nossos gostos (e, também por isso, convocam as nossas fúrias ou as nossas ilusões), os Oscars são, antes do mais, uma celebração do cinema. Uma noite em que recordamos a sua memória, as suas pessoas e, acima de tudo, a nossa cumplicidade com a sua História. Até porque a sua História é também a nossa.
Ver a lista de nomeados em:
http://www.cinema2000.pt/ficha.php3?id=5957&area=noticias

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