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Tiago Pimentel
Críticas dos leitores para: tiago_pimentel@hotmail.com

sábado, janeiro 05, 2008




OS MELHORES 2007



Um ano sem Top10


Pode parecer uma opção irreverente de um Velho do Restelo, mas este ano não consegui, de facto, reunir um número de filmes suficiente para um top10. Na verdade, facilmente conseguia reunir 10 películas para um top, mas creio que seria ridículo ter filmes meramente razoáveis numa lista que se quer de topo. Assim, a solução que arranjei (confessamente política, de facto) foi reunir apenas os 5 filmes que, na minha opinião pessoal, poderiam chegar a um top10.

Reconheço não estar a cumprir um papel político vulgarmente atribuído (de forma quase automática pela consciência social) ao crítico de cinema e que o obriga intelectual e profissionalmente a divulgar filmes nestas listas para que o público os possa descobrir. Nunca me reconheci nesse papel, as listas de top que elaboro são sempre sustentadas a partir do meu gosto pessoal e da coerência com a minha verdade. Assim, o meu top5 de 2007:


1 - The Fountain, de Darren Aronofsky


Possivelmente uma das mais radicais experiências dos últimos anos. Acaba por ser uma escolha muito pessoal para o meu filme do ano, uma espécie de reconhecimento de um espaço afectivo que surge de uma intimidade perturbante pela proximidade que nos impõe. Proximidade com tudo: com a vida, com a morte e com a irreversibilidade de ambas. Frequentemente reconhecemos a nossa mortalidade num objecto cinematográfico, mas raras vezes a vida foi tão luminescente. Em boa verdade, raras vezes ambas se misturaram de forma tão poética e paradigmática.
2 INLAND EMPIRE, de David Lynch
Uma obra prima que transcende qualquer conceito narrativo que queiramos definir. De facto, INLAND EMPIRE existe por ruptura com os próprios códigos literários da narrativa clássica. Acredito, sinceramente, ser absolutamente secundária a discussão das alegadas verdades interpretativas. Concretizando, creio que é saudável discutir a interpretação de cada um das emoções, ideias e imagens que populam este filme, mas penso ser inconsequente tentarmos impor a nossa lógica enquanto pensamento universal e final deste filme. Não existe um fim em INLAND EMPIRE, apenas princípios... tantos quanto o nosso intelecto conseguir sustentar.


3 - Letters from Iwo Jimma, de Clint Eastwood

Um objecto fulgurante! Reconstrução espantosa de um acontecimento incontornável e, acima de tudo, de um ponto de vista. Por oposição ao fraco Flags of our Fathers, esta dualidade acabou por resultar de forma superior na visão nipónica que Eastwood conseguiu reconstruir. Um épico dramático que não se limita a filmar o lado japonês, tanto quanto mergulha efectivamente no olhar e na intimidade cultural dos seus soldados. E sabemos como era fácil estragar a pintura toda, traindo essa cultura e esse ponto de vista com uma pobre tentativa de lhe impormos a nossa própria cultura e ideais. Nada disso aconteceu... um objecto central de 2007!


4 - Eastern Promises, de David Cronenberg
Portentoso retrato da história de amor possível num cenário escatológico que parece isolar as personagens dos seus próprios destinos e do seu direito a uma felicidade. Errantes e amputados de um sentido, as personagens de Eastern Promises tentam, desesperadamente, reconstruir a biologia afectiva do seu corpo. David Cronenberg continua a filmar, de forma perturbante e inspiradora, a relação convulsiva do ser humano com as tragédias do seu próprio corpo.
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5 - Little Children

Um filme que, apesar de orgulhosamente o colocar neste pequeno grupo de filmes, reconheço estar a uma distância ainda significativa dos seus restantes companheiros de lista. Ainda assim, parece-me um objecto intenso e intensamente moderno! Uma experiência que, creio, não deixa ninguém indiferente.

Feliz ano novo!

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