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Um site para pensar sobre tudo e chegarmos sempre a um singular pensamento final: sabermos que nada sabemos.
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Tiago Pimentel
Críticas dos leitores para: tiago_pimentel@hotmail.com

terça-feira, março 21, 2006



Fox Confessor Brings the Flood


Achei importante colocar aqui uma notinha para um álbum que ouvi recentemente e me parece ser das coisas mais interessantes a surgir neste início de 2006. A cantora Neko Case coloca em revisitação constante, durante o álbum Fox Confessor Brings the Flood, todas as paisagens mais interessantes da música country como se o mundo instalasse nelas toda a atenção da pop mais divulgada. Em boa verdade, a mistura que Neko Case consegue entre a pop e a música country é tanto mais fascinante quanto percebemos que, muitas vezes, as distinções entre géneros são, também, formas fascinantes de os redescobrirmos como se fosse a primeira vez.

Tiago Pimentel

sexta-feira, março 17, 2006



«A Pantera Cor de Rosa», de Shawn Levy

Classificação:

Variação menoríssima dos clássicos de Blake Edwards, com Steve Martin no lugar de Peter Sellers no papel do inspector Clouseau. É perfeitamente lamentável que actores como Jean Reno e Kevin Kline sejam reduzidos a meras caricaturas de um dispositivo burlesco que falha em todas as frentes: nos tempos, na punch line, nos gags... «A Pantera Cor de Rosa» desenterra todos os «clichés» de humor (?) aos quais todos os cineastas talentosos do género tentam, desesperadamente, fugir e reafirma, com uma nova força, toda a sua inconsequência e inaptidão burlesca. E, também nós, devemos fugir de «A Pantera Cor de Rosa».




«V de Vingança», de James McTeigue

Classificação:

Filme menor que falha em qualquer uma das suas vertentes: filme sci-fi, filme político, filme de acção,... Tudo em «V de Vingança» é demasiado deja vu e as suas paisagens políticas e idealistas instalam-se em todos os lugares-comuns mais simplistas que reconhecemos ao género. De interessante tem um anti-herói (ou anti-vilão?) com um sotaque muito brittish e uma Natalie Portman que convoca o paradoxo moral de qualquer forma de vigilância. Esqueçamos a mensagem de guerra do filme: o seu “irreverente” sentido amoral é tão inofensivo quanto o mais cândido filme de animação da Disney. Pensando bem, um fotografama de «Pinóquio» perturba mais que dez «V de Vingança».

Tiago Pimentel

sexta-feira, março 10, 2006



«A History of Violence», de David Cronenberg

Uma nota muito breve para colocar alguma urgência no eventual itinerário cinéfilo que terão agendado para os próximos dias: não percam, de forma alguma, «A History of Violence», de David Cronenberg. Tem antestreia hoje, na cinemateca, e estreia nas salas na próxima quinta-feira. Um tour de force que questiona a nossa natureza e, nas próprias palavras do cineasta canadiano, coloca-nos num desconcertante paradoxo: o Homem é o único ser que acredita num mundo sem violência, mas não o consegue alcançar. É este paradoxo que é filmado, bem como todas as suas desconstruções morais e dramáticas. No limite, o protagonista de «A History of Violence» (sublime Viggo Mortensen) redescobre uma cruel verdade interior à nossa identidade: não é da violência que é complicado libertarmo-nos, mas sim da sua (nossa) História. Ou ainda: desistirmos da violência, será também desistir de lutar pela paz e serenidade. Seja a violência presente na morte de outro ser humano, ou no julgamento que a sociedade faz dos seus actores. Não se trata, entenda-se, de um postulado moral, mas de um estudo desconcertante da natureza humana.

A ver e rever: o cinema como um espelho.

Tiago Pimentel

segunda-feira, março 06, 2006

Oscars 2006 - Colisão de Oscars

É, de facto, a primeira vez em muitos anos que uma noite de Oscars fica marcada, não só por uma divisão homogénea e milimétrica dos prémios, mas também por uma capacidade de surpresa absolutamente desconcertante. A Academia, para o melhor e pior, mostrou que nada do que sabemos e conhecemos (e nós, que acompanhamos o trajecto dos filmes podemos deduzir previsões mais ou menos apuradas) nos pode garantir uma verdade absoluta e um sentido de superioridade face à cerimónia, como se conhecêssemos antecipadamente a sua sinopse. Não vale a pena pensar sobre o que terá causado a mudança radical da tendência favorita de «O Segredo de Brokeback Mountain» (que acabou por perder o Oscar máximo para «Crash - Colisão»): a Academia fartou-se de haver um único favorito? Lobbie homofóbico? Será que interessa? Ou será que a maioria dos membros gostou mesmo mais do filme de Paul Haggis e resolveu premiar a sua temática socialmente relevante, concretamente no contexto sócio-político dos EUA. É nestas alturas que devemos relembrar o que verdadeiramente nos interessa na cerimónia. Não escondo que me custou muito ver «O Resgate do Soldado Ryan» perder o Oscar para «A Paixão de Shakespeare» em 1999. Ou ver Martin Scorsese perder duas vezes o Oscar nos últimos três anos. Nem sempre a Academia se cruza com os nossos desejos; em boa verdade, creio mesmo que até em prole da indústria enquanto instituição do cinema como arte e negócio, a Academia nem sempre acerta para seu próprio benefício. Não me parece que o mais correcto seja adequarmos o nosso discurso - pro ou contra – baseado exclusivamente nas nossas opiniões individuais e pessoais. Até porque isso levaria, inexoravelmente, a problemas de coerência discursiva e descontextualizações constantes das ideias que defendemos.

Dito isto (e pareceu-me verdadeiramente importante dizê-lo), é importante perceber que os Oscars são, também, um reflexo da indústria em relação ao mundo e ao tempo. E este ano ficou bem sublinhada a preocupação da Academia em nomear filmes que, nas suas temáticas específicas, demonstraram também preocupação em filmar o mundo e os seus paradigmas. O filme mais nomeado do ano acabou por perder o Oscar máximo, mas a divisão (bem como a acumulação) de Oscars foi quase milimétrica: três Oscars para «O Segredo de Brokeback Mountain», «Crash – Colisão», «King Kong», «Memórias de uma Gueixa» e zero para «Munique» e «Boa Noite e Boa Sorte», os dois melhores filmes nomeados, respectivamente por ordem de preferência pessoal. Foi uma noite de algumas emoções muito fortes (além da óbvia reacção explosiva e inesperada de toda a equipa de «Crash – Colisão» quando foi anunciado o Oscar de Melhor Filme, houve também o controlo tremido de Philip Seymour Hoffman e a inspiração histórica de um ícone como Robert Altman), bem como de ironias certeiras e revestidas por uma honestidade comovente (o melhor exemplo terá sido o discurso comunitário de Clooney que dedicou o Oscar à comunidade de actores a que ele tão orgulhosamente pertence).

Uma última palavra para Jon Stewart. Apesar de Billy Crystal ser sempre o eterno mr. showbusiness e o mais talentoso anfitrião que a cerimónia poderá contratar, o pivô de «Daily Show» conseguiu, ao longo da noite, dar a volta ao guião algo limitado que preparou e conquistou pela sua capacidade de improviso. Para sempre ficará o gag da noite: a piada de Stewart em relação a Martin Scorsese não ter nenhum Oscar e os Three 6 Mafia terem um. O humor dos Oscars também se constrói à volta das suas alegadas injustiças e contradições. Aqui fica a lista de premiados:

Lista de Premiados

Tiago Pimentel

domingo, março 05, 2006

Surpresa da noite:



Oscar Melhor Filme: «Crash - Colisão»

Comentário e lista completa em breve.

Tiago Pimentel

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