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Tiago Pimentel
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segunda-feira, setembro 22, 2003

FC Porto - S.L. Benfica

Provavelmente não se via um Porto - Benfica deste calibre há muitos anos. Em boa verdade, para generalizar sem medos, não se via um jogo no campeonato português com esta intensidade e qualidade há mesmo muito tempo. Primeiro porque o Benfica surpreendeu o Porto entrando no jogo como se jogasse em casa, levando a que a equipa treinada por José Mourinho tivesse que se adaptar ao jogo agressivo dos encarnados. Enfim, um erro invulgar de Miguel e uma cabeçada infeliz de Argel acabaram por matematicamente decidir o jogo a favor dos Dragões. Parecem-me bastante acertadas as palavras de José Mourinho quando afirma que foi o melhor Benfica dos últimos 10 anos a apresentar-se nas Antas.

Mas, como muitas vezes acontece, há uma figura que voltou a destacar-se (pela negativa...). Não, não foi o árbitro nem os seus auxiliares - embora tenham culpa indirecta. Nem foi o público que tantas vezes estraga os espectáculos com os assobios e os lenços brancos. Foram, sim, os comentários milimetricamente infelizes dos nossos comentadores de serviço, quer do jogo, quer dos resumos. Costinha faz uma entrada capaz de envergonhar qualquer especialista de artes marciais e os nossos técnicos comentadores concluem com absoluta sagacidade que "se a cor do cartão fosse outra não era de estranhar." Momentos depois, Deco faz um anúncio às piscinas do novo estádio e Ricardo Rocha leva um cartão vermelho por atirar com vigor a camisola ao relvado. Mais uma vez os nossos temerários comentadores mostraram a sua indignação. De facto, a questão tem que ser muito bem ponderada pelos quadros da Federação. Atitudes como a do Ricardo Rocha não podem passar impunes. É o futuro do futebol que está em jogo! Claro que a entrada assassina do Costinha é um esquálido cartão amarelo com alguma receptividade mental para outra cor mais fatal. Claro que pensar sobre o mergulho de Deco e a forma como matou um espectáculo memorável não é importante, nem sequer digno de referência - apenas para pontuar os comentários técnicos à suposta falta.

Que mensagem está a nossa televisão a enviar? Podem partir pernas com moderação, mas é imperdoável atirar camisolas ao chão? Não vá alguém tropeçar ou uma avó mais conservadora abrir um processo legal contra a Federação de Futebol por violação ética dos bons costumes. Num país evoluído, a bola dos comentários estaria do lado do mergulho de Deco e da forma como este alterou o jogo; ou, melhor ainda, suspendia-se Costinha por tentativa de homicídio (perdão... falta de fair play). Para não me entenderem mal, devo esclarecer que acho lamentável o acto de Ricardo Rocha. Mas, por favor, só quem nunca jogou futebol é que não consegue compreender que ser expulso por não fazer nada de errado é algo tão fervoroso que dá mesmo vontade de tirar a camisola. E, sinceramente, surpreende-me que tenha tido cabeça fria para nem insultar o árbitro. Nem sequer deu uma patada no Deco, daquelas para descarregar a fúria. Que demonstração de fair play... oops.

Tiago Pimentel

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