A bomba foi largada pela última edição da revista Time que elegia Bragança como o bairro vermelho do velho continente. Enfim, trocado por miúdos, Bragança subitamente ficou exposta aos olhos do mundo, mas pela negativa: é o bairro europeu da prostituição. Os mais atentos perceberam, mal viram as notícias, que alguma coisa estava errada. Afinal, porquê Bragança? Por que não Amesterdão, a capital da prostituição? Martha de la Cal - jornalista da Time Magazine - explica que em Amesterdão é tudo feito sem subtileza, com uma exposição horrorosa do corpo humano como mais um adereço mercantil. E que, por oposição, em Bragança é tudo feito com discrição, no escuro, às escondidas. De facto, é notável esta descoberta jornalística: uma revista com uma tiragem a nível internacional decide fazer uma reportagem sobre uma pequena comunidade (um bairro como lhe chama), falando sobre a discrição em que tudo é feito, proporcionando um roteiro sexual e ignora que a sua própria intervenção poderá ter alterado tudo isso. Claro que poderia ser um pequeno artigo mas os senhores da Time decidem dar o dobro da atenção a Bragança do que à eleição de Arnold Schwarzenneger no Estado da Califórnia. Quando confrontada com a questão do turismo sexual poder vir a aumentar em Bragança e estragar o clima de veludo azul, Martha de la Cal responde, rindo: "Não sei, mas não há hotéis que cheguem." E eu que pensava que ela ia dizer preservativos. Estes jornalistas continuam a surpreender-me diariamente.
Tiago Pimentel
Tiago Pimentel
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home