Shame on you Mr. Moore



Quem me conhece sabe que não sou nada adepto do senhor Moore, muito menos do seu último documentário (?) «Bowling for Columbine». Maniqueí­sta, simplista, manipulador e mentiroso são alguns dos adjectivos que me ocorrem quando penso nesse filme e nas pseudo-acusações de borracha que lança relativamente à administração Bush. Claro que para os incondicionais do Anti-Americanismo primário foi o filme que esperavam. Como se, de repente, fosse possível colocar em perspectiva toda a complexidade dos últimos 12 anos, desde a Guerra do Golfo, e toda a política externa norte-americana com base em meia-dúzia de entrevistas falaciosas e exibicionistas - que usavam e abusavam do próprio mecanismo que Moore pretendia denunciar.

Mas opiniões à parte, a bomba estoirou nos jornais americanos: Michael Moore aldrabou tudo e todos com «Bowling for Columbine». Diziam os corpos de texto que o Sr. Moore, de acordo com recentes descobertas, andou a enganar as pessoas que entrevistava de modo a conseguir que dissessem o que ele queria, para depois fazer montagens enganosas retirando tudo do contexto e conseguir um resultado final que transmitisse a mensagem que ele pretendia. Além de ser vergonhoso, é um tratamento que desrespeita toda a tradicional dignidade jornalística dos melhores documentaristas norte-americanos como o veterano Errol Morris. Abriu uma petição nos EUA para retirarem o Oscar que Moore ganhou na última cerimónia. Seria interessante rever agora o discurso de vitória de Moore onde acusava George W. Bush de ser mentiroso...

Tiago Pimentel