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Tiago Pimentel
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segunda-feira, novembro 17, 2003



Movie directing is the perfect refuge for the mediocre.

Orson Welles

Nunca é demais relembrar o incontornável ciclo (o mais completo) de Orson Welles que a Cinemateca realizará durante as próximas semanas sob o título: Orson Welles no século XXI - Labirinto sem Centro. É já hoje que passa um dos seus filmes máximos - o primeiro de muitos que renegou, depois do seu controlo absoluto sobre a montagem dos seus filmes lhe ter sido retirado. Magnificent Ambersons é um dos filmes mais poderosos mas também dos mais esquecidos do realizador. Mas o ciclo abriu com Citizen Kane, o filme que construiu a gramática do cinema moderno. E estávamos apenas em 1941 o que implica uma necessária convulsão com uma linhagem cinematográfica paralela: o cinema clássico com a gramática Selznick. Foi em 1939 que surgira o filme que devolveu segurança a Hollywood. Gone With The Wind parecia possuir todos os requisitos necessários para projectar Hollywood no cinema do futuro, com uma fórmula equacional perfeitamente definida. Claro que a receita foi mal entendida por muitos e foram precisos cineastas como Cukor, Minnelli, entre outros da mesma família clássica, para ensaiarem variações sobre os fundamentos da receita. Welles é um desses cozinheiros, talentoso, genial e, sobretudo, absolutamente seguro do seu talento. Mas foi também um dos que mais se distanciou da «fórmula» Selznick e, por isso, escamoteado nos seus filmes até ao fim da carreira (da vida).

Impõe-se olhar para este senhor e redescobrir a sua filmografia em todo o seu esplendor. Redescobrir Orson Welles, o cineasta mas também o actor e... locutor de rádio. Estávamos nos anos 30 aquando da formação da Mercury Players quando Orson Welles iniciou a colaboração radiofónica com John Houseman. Na afamada noite de Halloween de 1938, Welles fazia História ao simular uma invasão de extraterrestres em plena transmissão de rádio, causando o pânico em centenas de milhares de ouvintes. A controvérsia sempre acompanhou a convulsiva vida e carreira deste cineasta. Muitos ficam ainda chocados quando alguém revela que Citizen Kane foi o único filme em que Welles teve completa liberdade e margem de manobra; a MGM ficou radicalmente descontente com a cinefilia inovadora de Welles levando a que Louis B. Mayer procurasse mesmo o negativo do filme para o enterrar. E assim foi com a vida de Welles: um cineasta que muitos tentaram enterrar, receosos das suas ideias absurdas e revolucionárias. Hoje, é difícil arranjar cineasta cuja memória cinéfila no geral não ceda a considerar como um dos nomes mais elevados da História do cinema.

Tiago Pimentel

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