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Tiago Pimentel
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segunda-feira, dezembro 22, 2003

Primeiro revisionamento de «In America» (comentário contém informação irrelevante sobre o final mas que alguns poderão entender como spoiler)

Fui rever hoje o filme de Jim Sheridan. Não acontece todos os anos, mas de vez em quando lá aparece um filme pelo qual nos enamoramos e, com todo o fulgor que o amor nos concede, sentimo-nos preenchidos pela sua irredutível beleza. É um pouco como uma deslocação onírica, sentirmos que o espaço nos abandonou e, no seu lugar, deixou-nos apenas as ressonâncias mais íntimas do nosso Ser. E «In America» teve esse efeito em mim: é um daqueles filmes que transforma cada imagem numa espécie de projecção de luzes e formas divinas que descodificam os enigmas mais íntimos que guardamos cá dentro. É um filme sobre a morte. Mas sobretudo sobre como aprender a viver com a morte. Aliás, percebendo que aceitar a morte é decisivo para aceitar a vida. É nesta transferência constante que «In America» projecta toda a sua verdade, como um documentário da emoção humana. E no último plano ouvimos «Can you see the image? That's how I want to remember.» E na imagem vemos a cidade de Nova Iorque. Não é spoiler nenhum, não se preocupem. É apenas algo de sintomático que percorre o filme desde o início e que demonstra como, desde «E.T.» até «As Vinhas da Ira», soube mostrar aos americanos de onde vem e qual o seu objectivo. É a dádiva de Sheridan ao povo americano e premiá-lo com um Óscar seria reconhecer, finalmente, que depois do fatídico 11 de Setembro há que tentar dizer adeus aos corpos falecidos das várias famílias que ainda nos acenam no céu, iluminados pelo calor da lua e pelos neóns de luto projectados a partir do solo onde outrora se erguiam duas das torres mais elevadas deste planeta.


Tiago Pimentel

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