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Tiago Pimentel
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domingo, janeiro 25, 2004

Há uma insólita perturbação e tristeza nas imagens que nos chegaram hoje do jogo Guimarães-Benfica. Foram imagens que nos recordaram a dimensão trágica que um directo televisivo pode alcançar. Fiquei particularmente sensibilizado pelas palavras de um jornalista da TSF (cujo nome não me recordo, confesso). Dizia ele que é complicadíssima a tarefa de um jornalista numa situação destas, uma vez que tem que relatar a situação com rigor mas, ao mesmo tempo, há um envolvimento emocional que afecta toda a imparcialidade cerebral do trabalho. E, de facto, à medida que viamos as imagens do jogador Fehér a rir-se e, segundos depois, a cair e dos seus colegas e amigos a lançarem as mãos à cabeça em desespero sem controlarem as lágrimas, sabíamos que seriam imagens que, seguramente, nos acompanhariam durante muito tempo. Duas horas e pouco depois recebeu-se a confirmação que o jovem jogador do Benfica, de 24 anos, faleceu depois de lutar contra várias paragens cardíacas. Pode parecer chocante dada a idade e condição física do jogador mas, na verdade, é mais trivial do que possa parecer. Aliás, ataques cardíacos são assustadoramente vulgares, como qualquer cardiologista vos dirá, em jovens até aos 25 anos. Lembro-me de um episódio de Frasier, a propósito deste trágico dia. Era um episódio onde tinha morrido um jovem, precisamente, de um ataque de coração. Frasier passeia-se pelo funeral e, preocupado pela sua própria saúde, tenta investigar as causas que podem ter originado a insuficiência cardíaca. Álcool? Bebida? Comida em excesso? Nada. Era um jovem saudável que até fazia exercício. E Frasier reconhece-se, assustado, na fragilidade da sua própria vida. No limite, toma consciência da sua mortalidade. Por paradoxal ironia, talvez seja essa a maior de todas as fontes de vida. Qual? Sabermos que a morte nos pode receber a qualquer momento e que nada podemos fazer para o evitar... a não ser viver.

Tiago Pimentel

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