
«The Last Samurai», de Edward Zwick
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Chega a Portugal um dos filmes mais falados a propósito dos Oscars. É um pouco desconcertante a sensação que tive durante o filme, até porque Edward Zwick é um cineasta de algum talento e com conceitos de produção apuradíssimos. Mas «The Last Samurai» parece-me mais um projecto de redenção pela forma como um certo cinema clássico ilustrou a complexa cultura índia e nipónica em modelos estereotipados e simplistas, do que propriamente um épico fulgorante e receptivo a todas as especificidades e diversidades culturais e humanas das suas personagens. Primeiro porque todas as personagens que tenham a ver com a ocidentalização estão, à partida, assombradas por uma estranha inércia existencial, reduzidas a uma presença escatológica sem estrutura ou densidade, apenas estereótipos simbólicos e maniqueístas daquilo que o filme quer promover como o lado mau (desde o maquiavélico Omura até ao tenente coronel americano que está no filme apenas para ser odiado).
Qualquer valor que o filme pudesse atingir, nomeadamente através da força épica das batalhas muito bem filmadas ou mesmo no intimismo dos choques culturais, é completamente alienado pela narrativa programática e forçada, pelas espessura anorética das suas personagens e por algum simplismo no tratamento da motivação dramática da personagem de Tom Cruise (a relação amorosa forçada e os «flashbacks» inseridos a martelo). Fica a respiração visual com dimensão da câmara de Zwick e os bons ritmos de montagem e um amargo sabor a desilusão.
Tiago Pimentel
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