
Cold Mountain, de Anthony Minghella
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Montanhas geladas
Para quem, como eu, tinha adorado «O Paciente Inglês» e gostado bastante de «O Talentoso Mr. Ripley», é com amarga desilusão que recebo «Cold Mountain», a mastodôntica produção da Miramax, já comparada a «Heaven's Gate» (que, como se sabe, arruinou o estúdio da United Artists). E é penoso ver tanto talento desperdiçado num filme sem paixão, sem vertigem, demasiado limado de quaisquer desequilíbrios humanos, sem obsessão nenhuma quando o cerne da história é, precisamente, o regresso de um soldado ferido a casa, para junto da sua amada que, à distância, cultiva um amor desesperado e obsessivo. Numa realização desapaixonada e, a tempos, embaraçosamente amadora com descuidos notórios nas ligações de imagens, sobretudo nas passagens de perspectiva entre os planos gerais e os grandes planos, com a falta de rigor de um telefilme e uma montagem serviçal, académica e televisiva (com o rigor, mas também a previsibilidade, de um Dallas). Algo que apenas posso explicar pelas dificuldades que devem ter encontrado a filmar em exteriores tão complicados como os da Roménia sem tempo, nem espaço, para organizarem o trabalho.
«Cold Mountain» recebe, pontualmente, descargas eléctricas de um desfibrilhador narrativo, como a personagem agradavelmente exuberante de Renée Zellweger ou da força da Natureza chamada Natalie Portman. Fora disso, é um pastel sem coesão, sem paixão, sem consistência, sem alma, revestido por um leque de personagens secundários que deixam ficar a sensação de serem imitações de imitações de ideias de personagens. É uma imitação barata de outros clássicos muito superiores como «E Tudo o Vento Levou». Todo o conceito «bigger than life» que funcionou como imagem de marca da produção Selznick perdeu-se e ficamos com a sensação de estar a ver uma falsificação escancaradamente mal feita, com uma vontade urgente de ir rever the real thing...
Tiago Pimentel
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