Há uma espécie de suspensão visual em «A Rapariga do Brinco de Pérola». Há a suspensão dos quadros reais fotografados de forma assombrosa por Eduardo Serra (cada vez mais próximo do Oscar). Mas há também a suspensão enigmática do rosto de Scarlett Johansson, algures entre a ingenuidade pueril da criança que não aprendeu ainda a ser olhada e o erotismo de quem perverte a ponderação da luz sobre o seu corpo, subvertendo as formas e a forma como os olhares a desenham (e desejam). Quanto ao filme... falta-lhe sumo, desequilíbrios, vertigem, risco. Há um controlo absoluto sobre os corpos e os planos que tem um efeito desconcertante sobre a soltura expontânea dos actores, praticamente inexistente. Mas uma agradável experiência, nonetheless.
Tiago Pimentel
Tiago Pimentel
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