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Tiago Pimentel
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domingo, maio 23, 2004

Cannes 2004: Festival ou comício?

Finalmente a prova que Cannes começa a ser o festival mais académico, político (no pior sentido da palavra), previsível e escancaradamente militante que existe à face do planeta. Já há uns anos que isto vinha a acontecer mas sempre disfarçado por um véu artístico (fosse na realização muda de Roman Polanski ou na determinação artística de Gus Van Sant). Mas este ano chegou a níveis de insólita mesquinhez. Pela primeira vez, um festival serviu de propaganda política para que um filme/documentário ganhasse mais visibilidade, mais hipóteses de distribuição e até mais aculturação política no sentido de pressionar as massas a não reelegerem o presidente Bush em Novembro. É um pack 3 em 1 com uma vida temática de 6 meses como o Eurico de Barros bem relembrou. Aguardemos pelo filme mas bastam as imagens que já foram mostradas, complementadas com os comentários estupidificantes do seu realizador para assegurar um espectáculo simplista mas com o discurso antiamericano muito bem estudado, bem ao gosto da esquerda reaccionária das elites intelectuais francesas (e europeias). A própria Susan Sarandon, já reconhecida pelo seu activismo contra a administração Bush, ficou incomodada com o histerismo panfletário de «Bowling for Columbine» e do seu excêntrico realizador. Na altura, descobriram mesmo que o próprio Moore enganou meio mundo nas suas entrevistas para levar as pessoas a dizerem o que ele queria (e daí ter surgido a tal petição para lhe retirarem o Oscar). É possível ser pro-americano, anti-americano e até um bocadinho de ambos. Mas, numa sugestão um pouco irónica, alguém devia seguir a mesma tese que ele e fazer um documentário com a seguinte linha de pensamento: como é que o festival mais conceituado de cinema do planeta premiou o documentarista mais estúpido do mundo e como é que ainda há quem o aplauda durante 20 minutos. Tilda Swinton esticou o punho cerrado quando o filme terminou, mas esqueceu-se de deixar um dos dedos esticados.

Os prémios mais importantes:

PALMA DE OURO

«Fahrenheit 9/11», de Michael Moore (EUA)

GRANDE PRÉMIO

«Old Boy», de Park Chan-Wook (Coreia)

PRÉMIO DE INTERPRETAÇÃO FEMININA

Maggie Cheung, em «Clean» (França)

PRÉMIO DE INTERPRETAÇÃO MASCULINA

Yuuya Yagira, em «Nobody Knows» (Japão)

PRÉMIO DE REALIZAÇÃO

Tony Gatlif, por «Exils» (França)

PRÉMIO DE ARGUMENTO

Agnès Jaoui and Jean-Pierre Bacri, por «Comme une Image» (França)

PRÉMIO DO JÚRI

Irma P. Hall («O Quintento da Morte») e «Tropical Malady», de Apichatpong Weerasethakul (Tailândia).

CÂMARA DE OURO

«Or», de Keren Yedaya (Israel)

Tiago Pimentel

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