<$BlogRSDUrl$>

Um site para pensar sobre tudo e chegarmos sempre a um singular pensamento final: sabermos que nada sabemos.
_____________________________

Tiago Pimentel
Críticas dos leitores para: tiago_pimentel@hotmail.com

quinta-feira, maio 20, 2004



Eternal Sunshine of the Spotless Mind

Site Oficial

Class.:

Será possível revisitarmos as nossas memórias como paisagens físicas da nossa anatomia enquanto seres humanos? Ou seja, será possível regressar aos melhores momentos da nossa vida e vivê-los uma segunda vez, como se estivéssemos "lá". E "lá" não interessa, é num lugar específico da nossa memória que nos remete para emoções, sentimentos e vivências. É poder regressar ao restaurante onde jantámos pela primeira vez com a pessoa que amamos. É poder regressar à casa de Verão onde passámos férias inesquecíveis. «Eternal Sunshine of the Spotless Mind» é um filme que nos devolve essa especificidade do cinema. Qual? A possibilidade de converter o abstracto em concreto, os pensamentos em espaços, as memórias em sentimentos. Quem conhece o trabalho de Michel Gondry, sobretudo a sua colaboração com Björk, já espera um universo de novas imagens e novas desconstruções do real que desafiam constantemente as ideias feitas do nosso olhar. E quem conhece o trabalho de Charlie Kaufman, sabe que o original, inesperado e surreal são sempre palavras de ordem. E quem conhece o trabalho de Jim Carrey é melhor não esperar absolutamente nada, já que o actor está num registo de inaudita contenção (podia agora falar-se em «Man On the Moon», mas creio que o melodrama não é o que o actor procura neste registo). Podia também falar-se de um filme que vive da sua esquizofrenia, mas creio que se iria alienar esta temática em função do mais simplista. Isto é: falar-se do prazer, mais ou menos lúdico e surreal, de acompanhar a viagem de um protagonista na sua própria mente. Mas o mais esquizofrénico e interessante é apercebermo-nos que as mesmas memórias que tão desesperadamente as personagens querem apagar (para seguirem com a sua vida) são precisamente o que de mais precioso guardam dentro de si. Aqui sim, o filme recupera um dos paradigmas mais barbudos do cinema e que clássicos como Ford, Hawks, entre outros, dominavam em absoluto: a dimensão trágica do ser humano.

Tiago Pimentel

0 Comments:

Enviar um comentário

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?