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Tiago Pimentel
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sábado, maio 29, 2004

Revisitando Eternal Sunshine of the Spotless Mind

Constantly talking isn't necessarily communicating.

Blessed are the forgetful, for they get the better even of their blunders.

How happy is the blameless Vestal's lot! The world forgetting, by the world forgot. Eternal sunshine of the spotless mind! Each pray'r accepted, and each wish resign'd.

I could die right now, Clem. I'm just... happy. I've never felt that before. I'm just exactly where I want to be.

Please let me keep this memory, just this one.

I can't remember anything without you.



Revisitar Eternal Sunshine of the Spotless Mind é como uma redescoberta de emoções, sensações, estímulos. É um filme de rara complexidade intelectual e narrativa mas de uma frontalidade emocional invulgarmente directa e simples. É uma história de amor, ponto! Uma história romântica que procura a dimensão trágica do amor. Que tragédia? Reconhecermos que num presente que habitamos sem a pessoa que amamos, as memórias são, de uma vez só, o mais penoso e precioso que guardamos. Ou seja, são uma forma de recuperar os espaços que já vivemos e que, por circunstâncias que não dominamos, perdemos. Mas a tragédia caminha sempre de mãos dadas com o destino. E o amor habita essa mesma ambivalência. E, por circunstância do tempo, o amor transformou-se em ódio, porque em tempos amou demais. E podemos apagar todas as memórias que guardamos desse amor, desse lugar. Mas não podemos apagar o mapa da nossa sensibilidade mais íntima; isto é: não podemos apagar o desejo recorrente e inevitável de nos apaixonarmos pela mesma pessoa que insistimos em apagar da memória. Este é o maior paradoxo desta magnífica história de amor. E se fosse possível habitar para sempre essas memórias? Ou, pelo menos, recuperá-las de vez em quando para nos relembrarmos de quem fomos e o que buscamos. Eu, da minha parte, continuo a projectar mentalmente as melhores memórias que guardo do filme. E nas memórias que recebemos de outros, reconhecemo-nos. Nessas linhas que também são nossas (do nosso corpo) e que os outros transportam como se fôssemos todos partes fragmentadas de vários corpos. Dos corpos com quem nos cruzamos, dia após dia. Dos corpos que não nos lembramos mas que, invariavelmente, nos transformam sempre um bocadinho. Somos sempre partes de outros corpos. Memórias de outras vidas. Sem elas, perdemos um parte nossa e vários fragmentos de outras existências. Lost in time, like tears in rain.

Tiago Pimentel

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