
«Tróia», de Wolfgang Petersen
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Chega a ser desconcertante como uma superprodução desta dimensão (cerca de 175 milhões de dólares) consegue tão impressionante desperdício de dinheiro por milímetro quadrado de fita. E o pior é que, provavelmente, vai ser catalogado de “típica superprodução de Hollywood”. Como se as raízes do cinema americano fossem estas. Aliás, «Tróia» está mais próximo de uma daquelas superproduções europeias («Enemy at the Gates», «Astérix & Obélix») que se preocupam tanto em gastar dinheiro na reconstruções históricas mas depois ninguém sabe bem como as filmar. Não há qualquer sentido geográfico dos espaços e dos cenários durante o filme inteiro; está a ser filmado em Tróia como podia ser na praia de Carcavelos. Os actores não têm presença e muito menos personagens para trabalharem: Brad Pitt está entalado numa versão “herói para teenagers” que o ridiculariza e reduz a um protótipo do mítico Aquiles; Eric Bana encaixa umas frases «série b» de bom líder sem quaisquer desequilíbrios humanos; Orlando Bloom... é Orlando Bloom; Diane Kruger não tem a dimensão de beleza (em todos os sentidos e não apenas no tratamento fotogénico) que a iconográfica Helena de Tróia merecia; e Brian Cox foi despachado com o autocolante de vilão ultra-maléfico sem escrúpulos.
Uma história tão imponente como «A Ilíada» merecia muito mais que um telefilme com vedetas bronzeadas e uma banda sonora importada das piores séries bíblicas para encher os Domingos de Páscoa.
Tiago Pimentel
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