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Tiago Pimentel
Críticas dos leitores para: tiago_pimentel@hotmail.com

domingo, junho 06, 2004

A crítica dos leitores

Tiago Teixeira (http://moviesuniverse.blog-city.com) enviou-me a sua crítica de «O Despertar da Mente», dando conta da sua admiração pela criatividade de Charlie Kaufman, mas também das limitações que encontrou em Michel Gondry.

Tiago Pimentel

O Despertar da Mente

Realização: Michel Gondry; Intérpretes: Jim Carrey, Kate Winslet, Tom Wilkinson, Mark Ruffalo, Kirsten Dunst; Título Original: Eternal Sunshine of the Spotless Mind; Nacionalidade: EUA, 2004.

Joel Barish (Carrey) é um homem tímido e inibido cuja vida não tem um pingo de interesse; Clementine Kruczynski (Winslet) é uma mulher extrovertida e impulsiva que tem como lema o carpe diem. Os dois conhecem-se e apesar da clara discrepância de feitios a paixão nasce entre eles; tudo corre bem até ao dia em que se dá ruptura e é então que Clementine, num acesso de raiva e descontrolo emocional, decide apagar da sua memória Joel recorrendo à ajuda do doutor Howard Mierzwiak (Wilkinson) da empresa Lacuna. Quando toma conhecimento deste facto, um destroçado Joel resolve em jeito de “vingança” fazer o mesmo que Clementine, na esperança de arranjar solução para o problema. No entanto Joel arrepende-se a meio do processo wipe out ao aperceber-se de que os únicos e verdadeiros instantes de felicidade foram passados ao lado da sua cara-metade, iniciando assim uma luta non stop contra o tempo e as suas recordações. É esta a história sintetizada da segunda longa-metragem do francês Michel Gondry – famoso pelo seu trabalho nos videoclips de Björk e também por Human Nature (2001) – e do guião redigido pelo norte-americano Charlie Kaufman. É escusado fazer a apresentação deste último pois Kaufman é com grande probabilidade o argumentista mais talentoso e brilhante a trabalhar actualmente em terras do tio Sam; se Kaufman tinha atingido o patamar da genialidade quando escreveu os argumentos dos filmes Being John Malkovich (1999) e Adaptation (2002), ambos realizados por Spike Jonze, no filme Eternal Sunshine of the Spotless Mind excedesse e arrisca ao entrar no complexo e misterioso universo da mente humana. A originalidade e bizarria da história é indubitavelmente a mais valia de todo o filme, mas também será justo dizer que nem sempre Gondry consegue utilizar do melhor modo a mesma no decorrer do filme tornando-o desequilibrado. No cast do filme um nome sobressai mais do que todos os outros: Jim Carrey – conhecido do grande público pelas suas divertidas interpretações nos filmes Ace Ventura: Pet Detective , The Mask e Dumb & Dumber , todos com origem em 1994, o canadiano optou nos finais da década de 90 por tentar a sua sorte noutro género cinematográfico, o drama, saindo vitorioso : The Truman Show (1998) de Peter Weir e Man on the Moon (1999) de Milos Forman confirmaram Carrey não só como um actor cómico dotado de uma invulgar maleabilidade corporal mas igualmente como um bom actor dramático. No resto do elenco Kate Winslet entrega-se apaixonadamente, de corpo e alma à sua personagem, enquanto que os seus colegas Mark Ruffalo, Tom Wilsinson, Kirsten Dunst e Elijah Wood têm uma presença diminuta servindo apenas de “decoração”. Em termos técnicos o filme revela-se bastante razoável, sem manifestações de grandiloquência ou ambição desregrada. Umas vezes mágico, outras vezes estranho, Eternal Sunshine of the Spotless Mind pontua nos diálogos entre Joel e Clementine (as interrogações que existem acerca da função que a memória assume no desenrolar da nossa vida e a ligação que estabelecemos com o mundo exterior, a possibilidade de podermos repetir uma experiência e vivê-la de forma diferente e o relacionamento amoroso entre duas pessoas com personalidades completamente antagónicas são a chave de grande parte do sucesso que o filme alcançou ) mas perde a estabilidade interna em resultado da realização insegura de Michel Gondry. Em conclusão, Eternal Sunshine of the Spotless Mind é um filme acima da média com uma realização irregular, um argumento a abarrotar de ideias criativas e um duo de intérpretes em estado de graça.


Para testemunharmos os impressionantes e sempre surpreendentes argumentos de Charlie Kaufman.

O Melhor: A contenção dramática de Jim Carrey, a naturalidade de Kate Winslet e a excelência de Charlie Kaufman.

O Pior: Nem sempre o filme nos seduz.


Classificação: **** ; 7/10.

Tiago Teixeira

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