Portugal VS Inglaterra
Assim vai a imprensa inglesa... Quem viu o jogo Portugal-Inglaterra terá percebido, sem grandes dificuldades, que Portugal foi superior e merecia ter resolvido o jogo dentro do tempo regulamentar. A Inglaterra, depois de ter conseguido um golo numa jogada fortuita, fechou-se na defesa com 10 homens deixando Owen na frente à espera que ele ganhasse alguma bola ocasional bombeada pela defesa inglesa. A Inglaterra optou por uma filosofia de jogo que tem sido claramente castigada durante este Europeu. Se fizermos as contas, tirando apenas a Grécia, todas as equipas que passaram dos grupos foram equipas que jogam futebol de ataque. Itália, Alemanha e afins foram para casa mais cedo, levando consigo um futebol cada vez menos actual e descontextualizado, sem prazer de jogar e equivocado na sua forma de buscar uma vitória. Ou seja, acredita que a vitória passa por uma defesa cerrada e sorte num lance de ataque. Claro que a Itália quando jogou contra a Bulgária, já nem se lembrava como se atacava, tal a institucionalização daquela filosofia trituradora de criatividade e talento. Seja como for, a Inglaterra conseguiu levar o jogo para as grandes penalidades, mesmo depois de Scolari ter feito um «jogo de banco» absolutamente brilhante (repare-se como nunca perdemos o meio campo, mesmo depois de ter tirado o trinco). O resto é história, e as grandes penalidades trouxeram a justiça que faltava ao marcador final.
Mas realmente triste foi ver a reacção da imprensa inglesa e de alguns membros da selecção inglesa ao jogo. A maioria da imprensa inglesa (e lembro-me do «Daily Mirror» por exemplo) tinha ROBBED escrito em letras gordas. Referia-se a imprensa inglesa ao lance de golo anulado à Inglaterra, em cima dos 90 minutos. Um golo que até nos campos mais arruaceiros da América do Sul seria anulado, já que as regras estão de tal forma institucionalizadas no senso comum que seria automático aceitar a anulação. Claro que compreendo o ponto de vista dos jogadores ingleses na altura. Podiam ter morto o jogo ali e seguido em frente. Mas foi falta e o golo nunca podia ser validado. O que não consigo tolerar é que a imprensa inglesa tenha feito um jogo sujo de quem tem mau-perder e aproveitado esse lance para desculpabilizar o anti-jogo permanente da sua selecção. David Beckham, por seu lado, prefere acreditar que o mau estado do terreno no local da marca de penalties provocou o seu falhanço. Mas ele deve ter arranjado o terreno depois de rematar, porque, de facto, a seguir quase todos acertaram. Eriksson também usa a mesma desculpa e, nem por um segundo, ninguém diz o óbvio: Portugal foi superior e merecia passar. E é triste quando jogadores do nível de Beckham ou personalidades notáveis como Eriksson não conseguem reconhecer a sua própria inferioridade. Até porque, há uma semana atrás, a imprensa espanhola batia aos pontos, em «fair play», a imprensa inglesa de ontem. Lembro-me, por exemplo, que a «Marca» dizia claramente que Portugal esteve sempre mais próximo de marcar o segundo golo do que a Espanha de empatar. Talvez a imprensa inglesa seja muito criativa a meter hambúrgueres na boca dos jogadores da selecção portuguesa, mas estou em crer que este hambúrguer de anteontem lhes tenha entrado pelo lugar errado. E quando assim é, são mesmo muito difíceis de digerir...
Tiago Pimentel
Assim vai a imprensa inglesa... Quem viu o jogo Portugal-Inglaterra terá percebido, sem grandes dificuldades, que Portugal foi superior e merecia ter resolvido o jogo dentro do tempo regulamentar. A Inglaterra, depois de ter conseguido um golo numa jogada fortuita, fechou-se na defesa com 10 homens deixando Owen na frente à espera que ele ganhasse alguma bola ocasional bombeada pela defesa inglesa. A Inglaterra optou por uma filosofia de jogo que tem sido claramente castigada durante este Europeu. Se fizermos as contas, tirando apenas a Grécia, todas as equipas que passaram dos grupos foram equipas que jogam futebol de ataque. Itália, Alemanha e afins foram para casa mais cedo, levando consigo um futebol cada vez menos actual e descontextualizado, sem prazer de jogar e equivocado na sua forma de buscar uma vitória. Ou seja, acredita que a vitória passa por uma defesa cerrada e sorte num lance de ataque. Claro que a Itália quando jogou contra a Bulgária, já nem se lembrava como se atacava, tal a institucionalização daquela filosofia trituradora de criatividade e talento. Seja como for, a Inglaterra conseguiu levar o jogo para as grandes penalidades, mesmo depois de Scolari ter feito um «jogo de banco» absolutamente brilhante (repare-se como nunca perdemos o meio campo, mesmo depois de ter tirado o trinco). O resto é história, e as grandes penalidades trouxeram a justiça que faltava ao marcador final.
Mas realmente triste foi ver a reacção da imprensa inglesa e de alguns membros da selecção inglesa ao jogo. A maioria da imprensa inglesa (e lembro-me do «Daily Mirror» por exemplo) tinha ROBBED escrito em letras gordas. Referia-se a imprensa inglesa ao lance de golo anulado à Inglaterra, em cima dos 90 minutos. Um golo que até nos campos mais arruaceiros da América do Sul seria anulado, já que as regras estão de tal forma institucionalizadas no senso comum que seria automático aceitar a anulação. Claro que compreendo o ponto de vista dos jogadores ingleses na altura. Podiam ter morto o jogo ali e seguido em frente. Mas foi falta e o golo nunca podia ser validado. O que não consigo tolerar é que a imprensa inglesa tenha feito um jogo sujo de quem tem mau-perder e aproveitado esse lance para desculpabilizar o anti-jogo permanente da sua selecção. David Beckham, por seu lado, prefere acreditar que o mau estado do terreno no local da marca de penalties provocou o seu falhanço. Mas ele deve ter arranjado o terreno depois de rematar, porque, de facto, a seguir quase todos acertaram. Eriksson também usa a mesma desculpa e, nem por um segundo, ninguém diz o óbvio: Portugal foi superior e merecia passar. E é triste quando jogadores do nível de Beckham ou personalidades notáveis como Eriksson não conseguem reconhecer a sua própria inferioridade. Até porque, há uma semana atrás, a imprensa espanhola batia aos pontos, em «fair play», a imprensa inglesa de ontem. Lembro-me, por exemplo, que a «Marca» dizia claramente que Portugal esteve sempre mais próximo de marcar o segundo golo do que a Espanha de empatar. Talvez a imprensa inglesa seja muito criativa a meter hambúrgueres na boca dos jogadores da selecção portuguesa, mas estou em crer que este hambúrguer de anteontem lhes tenha entrado pelo lugar errado. E quando assim é, são mesmo muito difíceis de digerir...
Tiago Pimentel
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