Comentário algo desconcertado depois de ter visto «The Village», de Shyamalan. Desconcertado não com o valor do filme, mas antes com a radicalização no registo do realizador. Já vinha acontecendo há algum tempo, essa sublimação narrativa algures entre o líquido e o gasoso. Mas Shyamalan agora é um abstracto completo, um visionário «bergmaniano» a manipular as suas realidades com um bisturi de mise-en-scéne apuradíssimo. Mas a ambiguidade que antes lhe era reconhecida, entre a cirurgia cinéfila e o interesse pelo público e pelas massas, parece agora completamente alienada. Isso talvez explique um pouco a queda que o filme tem sofrido no «box-office» americano, depois de um primeiro fim-de-semana estrondoso que só o nome do realizador pode ajudar a explicar. E o filme é magnífico, pois claro.
Tiago Pimentel
Tiago Pimentel
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