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Tiago Pimentel
Críticas dos leitores para: tiago_pimentel@hotmail.com

quinta-feira, janeiro 06, 2005

Balanços e justificações - o melodrama como recriação do imaginário

No fim de cada ano, já se tornou um hábito - quase um ritual - construir as efémeras listas com os melhores filmes que vimos. Um efeito curioso que gosto sempre de relembrar é perceber como uma lista nunca é definitiva e, caso a física nos permitisse elaborar várias vezes uma lista de 2004 sem nos lembrarmos do que escrevemos na lista anterior, teríamos sempre listas diferentes. Mas há alguns títulos dos quais não abro mão, nomeadamente os 3 primeiros. Porque me parecem ser os mais desesperados, onde encontro uma dimensão melodramática que parece relançar todas as formas de viver. Como se da vida dependesse o sofrimento, e a felicidade estivesse constantemente assombrada por uma ilusão trágica: a de dela se fazer depender a manipulação da realidade. No limite, são questões de fundamento religioso, ou seja, perceber que o irmão que morreu nos pode acenar da Lua (mesmo quando sabemos que isso não está verdadeiramente a acontecer), ou que o nosso pai está a morrer e o melhor que podemos improvisar é uma morte inventada, ou ainda que resgatamos as memórias do nosso pai conseguindo um autógrafo de um músico Jazz como uma dádiva de vida ou de morte. Mas a ilusão mais desconcertante é dos mais cínicos que recusam receber um filme que, como À Procura da Terra do Nunca, acredita no poder da imaginação. Os mais cínicos falarão em imaginação como escapismo, mas seria passar ao lado da questão nuclear. Um filme como este de Marc Forster, não pretende mostrar que a imaginação é uma fuga niilista da realidade, ou uma brincadeira de crianças a jogarem ao faz-de-conta; é, antes, parte sólida da realidade. É uma força decisiva para se aprender a viver e 2004 foi um ano que, por razões várias, procurou desesperadamente essa força. Nunca como escapismo, mas como contentor de todos os esforços e desejos do ser humano em procurar a felicidade. Desde Na América, até À Procura da Terra do Nunca, passando por Grande Peixe, 2004 foi um ano onde o melodrama se relançou como fórmula de redescobrir novos imaginários; ou, dito de outra forma, redescobriu-se o melodrama como fonte de todas as catarses. E é na morte que se reencontra essa força inesgotável de vida. Um ano a relembrar, único na sua forma e especial na sua vontade de deixar lastro.

1º - In America, Jim Sheridan
2º - Terminal, Steven Spielberg
3º - Big Fish, Tim Burton
4º - A Vila, M. Night Shyamalan
5º - Finding Neverland , Marc Forster
6º - Lost in Translation, Sofia Coppola
7º - The Dreamers, Bernardo Bertolucci
8º - 21 Gramas, Alejandro González Iñárritu
9º - Lá Fora, Fernando Lopes
10º - I Robot, Alex Proyas

Bom ano para todos,

Tiago Pimentel

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