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Tiago Pimentel
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sábado, maio 14, 2005



In Good Company, de Paul Weitz

Class.:

Magnífico filme geracional! Paul Weitz instala-se, de forma cada vez mais pronunciada, algures entre os desequilíbrios melodramáticos familiares e as desapropriações humanas de um certo «way of life» que os caucionam. Há, de facto, um subtil subtexto político que denuncia a «corporate culture» e a política laboral americana (mais volátil que a nossa, por exemplo) sem nunca ceder a estereótipos ou a bengalas narrativas que o pudessem, eventualmente, transformar num académico exercício panfletário com todas as renúncias humanas que teriam de ser feitas.

É bom celebrar um filme onde a política é apenas um de muitos subtextos de uma narrativa riquíssima, onde se cruzam gerações, emoções e, fundamentalmente, uma pedagogia humana que é, de uma vez só, consciente do contexto sócio-político que denuncia, mas também, determinante na errância humana que nele se define. É um filme desencantado? É, mas com uma certa cultura empresarial, com a indiferença e inércia que provoca nas células humanas que nela se inscrevem. Mas é um filme profundamente encantado com a capacidade de nos sobrepormos a todas as convenções que definem um certo pensamento de construção de uma vida, de uma carreira, de um futuro... de nos reencontrarmos e procurarmos um sentido para o que fazemos com a vida.

Topher Grace inscreve-se nesse vazio numa composição notável, infectado por todos os sinais automáticos desse yuppie «way of life», com a mesma carreira que esgota todo o espaço humano dentro de si. Dennis Quaid é o seu novo subordinado com idade para ser seu pai e com uma filha por quem a personagem de Topher se apaixona. Quaid é ideal na composição de pai de uma família simples e feliz, apesar (ou talvez por causa) das lutas constantes para manter o emprego, para proporcionar a melhor educação à sua filha mais velha (fantástica Scarlett Johansson) e lidar com duas hipotecas. Paul Weitz é mais do que um cronista da cultura familiar; é, antes do mais, um cúmplice directo do «espaço» familiar e da «anatomia» humana específica à história. Por outras palavras: como filmar uma história sem parecer uma filiação temática e generalizada de um pensamento político-cultural. O contexto existe, mas apenas para fazer viver o humano. Sabe bem ver um filme assim.

Tiago Pimentel

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