<$BlogRSDUrl$>

Um site para pensar sobre tudo e chegarmos sempre a um singular pensamento final: sabermos que nada sabemos.
_____________________________

Tiago Pimentel
Críticas dos leitores para: tiago_pimentel@hotmail.com

sábado, julho 02, 2005

Live8 - To make poverty History

20 anos passados sobre a última Live Aid e Bob Geldoff voltou a reunir os nomes mais populares da música num espectáculo mundial de proporções épicas e inéditas. É bom perceber que o objectivo deste novo espectáculo, apesar de partilhar da mesma solidariedade da velhinha Live Aid, tem agora um vector de acção radicalmente oposto e admiravelmente sintetizado na frase que se tornou o slogan desta Live 8: "Não queremos o seu dinheiro, queremo-lo a si." De facto, sabendo que a caridade é insuficiente para resolver um problema que é, de uma só vez, cultural e estrutural, impõe-se um esforço globalizante a nível governamental para modificar o estado de saúde do nosso planeta, concretamente do continente africano.

Bono, dos U2, sintetizou a problemática de uma forma admirável: "Não podemos mudar tudo, mas o que podemos, devemos. Queremos ser a geração que ficará recordada pela invenção da Internet? Pela guerra ao terrorismo? Ou pela geração que fez a pobreza extrema passar à História?" De facto, não se trata de revolucionar o mundo de uma só vez, mas sim de fazer o que está ao nosso alcance e repor as suas coordenadas humanas. Não é um desafio fácil, mas ninguém disse que o era. Além de todas as complicações burocráticas e processuais que contaminam a distância cultural que nos afasta do povo africano, é fundamental percebermos que é uma questão estrutural. Ou seja, não se trata de alimentar os países (ou, mais directamente, os seus governos corruptos) com dinheiro de caridade, mas antes criar estruturas económicas e sociais nesses mesmos países possibilitando o seu próprio desenvolvimento. É uma ideia, é uma solução. É, pelo menos, mais do que tínhamos há 20 anos atrás, altura em que a Live Aid vivia mais da ilusão dos anos 80 e de uma geração que queria gritar por justiça, mas sem grandes ferramentas práticas e ideias concretas para complementar o sonho que todos cantavam.

No seu espectáculo, a Live 8 foi um espaço de celebração da música, da vida e do humano. Foi, acima de tudo, um uníssono desesperado, mas confiante, pelos direitos humanos. Pelo palco passaram várias estrelas da pop, do rock e mesmo do hip-hop. A registar a abertura de Paul McCartney com os U2 a cantarem um mítico e, hoje, simbólico Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band, a One tocada exclusivamente pelos U2 (na minha opinião, o grande momento de todo o espectáculo com um pequeno e memorável discurso de Bono, antes da música), a actuação incendiária dos Muse, a boa prestação da Madonna (que 20 anos depois, está consideravelmente melhor), Bittersweet Symphony tocada pelos Coldplay com Richard Ashcroft e a magnífica actuação dos Pink Floyd quase no fecho do espectáculo. Pelos vários palcos da Live 8 cantaram vozes para todos os gostos e admirações e, seguramente, ninguém terá ficado indiferente. É importante que estas vozes cheguem, não só aos corações dos biliões que terão acompanhado a emissão, mas também (e sobretudo) à sensibilidade dos poderosos senhores que estarão reunidos na Cimeira do G8 nesta semana. Mais uma vez, a música mostrou que pode mudar o mundo. Que tem força para o fazer. E o mundo de hoje precisava de um evento destes. Quanto mais não seja para voltar a acreditar.

Tiago Pimentel

0 Comments:

Enviar um comentário

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?