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Tiago Pimentel
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quarta-feira, outubro 26, 2005



O cartaz de «Munich» e as formas de promoção contemporâneas


Este é o poster oficial do novo filme de Steven Spielberg: «Munich». Estamos a menos de 2 meses da sua estreia oficial nas salas americanas (cá será um pouco mais tarde) e aparece o primeiro sinal de marketing oficial. Porquê tão tarde? «King Kong» estreia na mesma altura e já lhe conhecemos o trailer promocional há quase meio ano. Em boa verdade, creio que existe, neste momento, um equívoco nas estruturas promocionais de Hollywood que passa, antes do mais, por algo tão simples quanto conhecer o tempo de promoção de um filme. Isto é: a partir de que momento a publicidade e promoção estarão a cativar a atenção do espectador e, a partir de que momento, estarão a saturá-lo? De facto, creio que filmes como os da saga nova de Star Wars - que, noutros tempos, seriam acontecimentos incontornáveis no seu próprio ano - foram-se lentamente banalizando na sua inesgotável linha de produção. Por outras palavras: este ano tivemos «Star Wars», «War of the Worlds», «A Lenda de Zorro», «The Island», «Wedding Crashers», etc - acontecimentos que, num tão curto espaço de tempo, acabam por se anular. Nem está em causa a qualidade e o labor dos objectos (é bom não esquecer que estamos a falar de universos distintos - quer gostemos dos filmes, quer não), mas sim a banalização dos seus inesgotáveis dispositivos de promoção. Tudo isto cria a sensação, no espectador comum, de estar saturado antes mesmo do filme estrear.

Por outro lado, «Munich» experimentou uma outra estratégia que me parece muito inteligente. Estamos a menos de 2 meses da sua estreia e nem um trailer. Só agora surgiu o seu cartaz oficial que nem possui ainda as famosas taglines (e, nisto, os filmes de Spielberg costumam também triunfar) anunciando um filme que habita na penumbra do marketing contemporâneo, fazendo-se notar pela sua invisibilidade e discrição. Creio que o trailer deverá aparecer durante o mês de Novembro, assim como o respectivo site oficial (outra ausência a destacar). Deverão ser introduzidas, pela televisão e outros meios de comunicação social, as respectivas contextualizações históricas e, seguramente, será relembrado (mais uma vez) que Spielberg é judeu e que até filmou o oscarizado «A Lista de Schindler».

Destaque ainda para a contenção implosiva da imagem que nos aparece no poster. Absolutamente anti-climática (e, num certo sentido, anti-épica a desmentir a sua própria imponência) e que radica toda a sua energia de um corpo (em boa verdade, uma silhueta) sentado no seu imenso desespero.

Tiago Pimentel

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