Os melhores de 2005
Como já é hábito, aqui ficam as minhas 10 preferências para o ano de 2005. A ditadura hierárquica de filmes tem apenas um valor curioso, pelo que apenas a presença destes 10 filmes deve ser vista como incontornável neste (riquíssimo) ano de cinema.
1. War of the Worlds, de Steven Spielberg

Além de ser uma opção pessoal, é também uma escolha política: trata-se do primeiro grande filme a lidar directamente com o imaginário do 9/11 e com a assombrosa presença do terrorismo no quotidiano americano. Ou ainda: como reconstruir uma célula (familiar, social, etc) desfeita no epicentro de um corpo de destruição que lhe parece devolver vida? Uma obra prima intemporal que repensa a lógica blockbuster enquanto suporte cinematográfico que devolve o estatuto de arte ao conceito (por vezes, tão menosprezado) de entretenimento.
2. The Aviator, de Martin Scorsese
Um dos filmes máximos de Scorsese e uma obra-prima histórica. Um épico à altura de outros objectos (Citizen Kane, por exemplo) do património histórico de Hollywood, ocupando o seu merecido lugar nessa linhagem de cinema.
3. Million Dollar Baby, de Clint Eastwood
Uma das histórias mais comoventes dos últimos anos. Eastwood filma com o olho mais despido de romantismo que já lhe conheceramos, como se estivesse no fim do mundo e não existisse mais cinema exterior ao seu universo. Nesse fim, restam dois corpos - Eastwood e Swank - que, juntos, descobrem a possibilidade de desaparecerem um no outro.
4. Elizabethtown, de Cameron Crowe
Provavelmente, um dos objectos mais apaixonantes que encontrei nos últimos anos. Apaixonado e apaixonante, Elizabethtown redescobre a América como uma paisagem cinematográfica onde cada lugar é dono da sua própria musicalidade.
5. No Direction Home, de Martin Scorsese
Um dos conjuntos de imagens documentais mais brilhantes alguma vez montadas. Mais do que um documentário, No Direction Home convoca Dylan como herói típico do cinema scorsesiano, promovendo, assim, a desconstrução da sua cristalizada iconografia.
6. The Corpse Bride, de Tim Burton
Encantadora e trágica fábula sobre um triângulo amoroso assombrado pelo confronto entre as trevas e a luz. Mais uma vez, a moral efabulada de Burton assume-se como voz-off ausente que se eleva acima dos desejos pessoais de cada personagem. Um clássico instantâneo.
7. Star Wars - Episode 3: Revenge of the Sith, de George Lucas
O desfecho apoteótico de uma das mais populares sagas de sempre. Trágico como um melodrama, grandioso como uma ópera, Lucas recupera o filão e termina a saga com a herança digna da trilogia original.
8. Saraband, de Ingmar Bergman
O regresso de um dos mais brilhantes cineastas de sempre. Bergman filma os «monstros» mais medonhos, sem nos retirar a possibilidade de reconhecermos tratar-se de um dos mais belos filmes do ano.
9. In Good Company, de Paul Weitz
Paul Weitz libertou-se definitivamente do estigma 'American Pie' e assume-se como um talentoso contador de histórias, atento às mais subtis nuances dramáticas dos seus actores.
10. Crash, de Paul Haggis
Finalmente, não poderia faltar também a presença de um dos filmes mais falados do ano, sobretudo na imprensa norte-americana. Um filme decisivo a lidar com a discriminação racial nos EUA, desconstruindo laboriosamente os estereótipos que pareciam sustentar o início da sua narrativa.
Bom ano para todos e que 2006 esteja pelo menos ao nível de 2005,
Tiago Pimentel
Como já é hábito, aqui ficam as minhas 10 preferências para o ano de 2005. A ditadura hierárquica de filmes tem apenas um valor curioso, pelo que apenas a presença destes 10 filmes deve ser vista como incontornável neste (riquíssimo) ano de cinema.
1. War of the Worlds, de Steven Spielberg

Além de ser uma opção pessoal, é também uma escolha política: trata-se do primeiro grande filme a lidar directamente com o imaginário do 9/11 e com a assombrosa presença do terrorismo no quotidiano americano. Ou ainda: como reconstruir uma célula (familiar, social, etc) desfeita no epicentro de um corpo de destruição que lhe parece devolver vida? Uma obra prima intemporal que repensa a lógica blockbuster enquanto suporte cinematográfico que devolve o estatuto de arte ao conceito (por vezes, tão menosprezado) de entretenimento.
2. The Aviator, de Martin Scorsese
Um dos filmes máximos de Scorsese e uma obra-prima histórica. Um épico à altura de outros objectos (Citizen Kane, por exemplo) do património histórico de Hollywood, ocupando o seu merecido lugar nessa linhagem de cinema.
3. Million Dollar Baby, de Clint Eastwood
Uma das histórias mais comoventes dos últimos anos. Eastwood filma com o olho mais despido de romantismo que já lhe conheceramos, como se estivesse no fim do mundo e não existisse mais cinema exterior ao seu universo. Nesse fim, restam dois corpos - Eastwood e Swank - que, juntos, descobrem a possibilidade de desaparecerem um no outro.
4. Elizabethtown, de Cameron Crowe
Provavelmente, um dos objectos mais apaixonantes que encontrei nos últimos anos. Apaixonado e apaixonante, Elizabethtown redescobre a América como uma paisagem cinematográfica onde cada lugar é dono da sua própria musicalidade.
5. No Direction Home, de Martin Scorsese
Um dos conjuntos de imagens documentais mais brilhantes alguma vez montadas. Mais do que um documentário, No Direction Home convoca Dylan como herói típico do cinema scorsesiano, promovendo, assim, a desconstrução da sua cristalizada iconografia.
6. The Corpse Bride, de Tim Burton
Encantadora e trágica fábula sobre um triângulo amoroso assombrado pelo confronto entre as trevas e a luz. Mais uma vez, a moral efabulada de Burton assume-se como voz-off ausente que se eleva acima dos desejos pessoais de cada personagem. Um clássico instantâneo.
7. Star Wars - Episode 3: Revenge of the Sith, de George Lucas
O desfecho apoteótico de uma das mais populares sagas de sempre. Trágico como um melodrama, grandioso como uma ópera, Lucas recupera o filão e termina a saga com a herança digna da trilogia original.
8. Saraband, de Ingmar Bergman
O regresso de um dos mais brilhantes cineastas de sempre. Bergman filma os «monstros» mais medonhos, sem nos retirar a possibilidade de reconhecermos tratar-se de um dos mais belos filmes do ano.
9. In Good Company, de Paul Weitz
Paul Weitz libertou-se definitivamente do estigma 'American Pie' e assume-se como um talentoso contador de histórias, atento às mais subtis nuances dramáticas dos seus actores.
10. Crash, de Paul Haggis
Finalmente, não poderia faltar também a presença de um dos filmes mais falados do ano, sobretudo na imprensa norte-americana. Um filme decisivo a lidar com a discriminação racial nos EUA, desconstruindo laboriosamente os estereótipos que pareciam sustentar o início da sua narrativa.
Bom ano para todos e que 2006 esteja pelo menos ao nível de 2005,
Tiago Pimentel