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Tiago Pimentel
Críticas dos leitores para: tiago_pimentel@hotmail.com

quinta-feira, fevereiro 07, 2008


O Sonho de Cassandra, de Woody Allen

Dir-se-ia que uma cidade nunca mais é a mesma depois de Woody Allen a filmar. O cineasta efabula na cidade à sua volta, uma espécie de romantismo trágico que nos remete para um desconcertante lugar emocional, do qual não conseguimos deixar de sentir um medo inabalável pelo destino das personagens, nem de nos rirmos perplexos com a consciência humorística do argumento. Woody Allen é um génio da escrita e o argumento de O Sonho de Cassandra é um exemplo de gestão narrativa absolutamente notável, fazendo a realidade de dois irmãos de Londres caminhar no limiar do bizarro, algures entre a tragédia clássica e o humor negro.

Porventura, este equilíbrio emocional e humano que o filme consegue entre dois pólos aparentemente tão contraditórios, tem também uma intensa ligação com a câmara de Allen (os constantes zooms aos espelhos convoca uma espécie de consciência bergmaniana demasiado presente). Por vezes, discretamente intensa, a câmara do cineasta ocupa sempre um lugar íntimo em todas as emoções dos personagens, colocando-se sempre entre os seus desejos e os nossos. Talvez seja por causa dessa implicação artística que Allen nos torna a nós, espectadores, cúmplices constantes da sua teia narrativa e dos seus desconcertantes efeitos emocionais.

Mas O Sonho de Cassandra tem uma componente humana que, para além de Allen, se localiza directamente no talento artístico de alguns dos seus actores. Sem qualquer hesitação, importa dizer que se trata provavelmente, da grande interpretação de Colin Farrell na sua carreira. Intensa e complexa, Farrell (de)compõe o clássico papel da consciência narrativa, uma espécie de desconstrução do Grilo Falante numa tragédia que lhe parece roubar o controlo sobre a acção e a razão ao longo do seu percurso. Um filme notável que, causando talvez menos impacto que o magnífico Match Point, existe na penumbra deste, vivendo da desconcertante possibilidade de perverter a impenetrável dramaturgia do seu dispositivo narrativo.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Olá*

Eu sou ou melhor era uma leitora assidua da Premiere, e premita-me que lhe diga que sou uma grande fã das suas criticas... Gostaria imenso de continuar a ler as suas criticas na Internet.

Eu adoro cinema gosto imenso de dar a minha opinião sobre bons e maus filmes.

Obrigada pela atenção...

12:33 da tarde  
Blogger Teresa Domingues said...

Um filme de luxo!! :)
Não para toda a gente ...

5:38 da tarde  

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