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Um site para pensar sobre tudo e chegarmos sempre a um singular pensamento final: sabermos que nada sabemos.
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Tiago Pimentel
Críticas dos leitores para: tiago_pimentel@hotmail.com

segunda-feira, outubro 18, 2004

Há qualquer coisa de deliciosamente viciante em Colateral. Como um improviso de jazz que se joga em três campos diferentes: Max, o taxista é, provavelmente, o saxofonista e protagonista desta jam session, com a mesma capacidade de distinguir uma música numa pontualidade singular, capaz de expirar sons furiosos e apaixonados pela vida quando pressionado; Vincent, o vilão elegante é o baixo claro, aquele que assombra esta rapsódia noturna com o som rotundo e amputado de códigos morais; e, para fechar o triângulo está Annie, a ligação romântica que aquece a balada, como notas de piano suspensas na hesitação do saxofone.

Tudo funciona numa base de acidentes, como se tudo fosse acontecendo sem ninguém prever, por acção/reacção, numa apaixonante teia de improvisos. E se um saxofone pode perder o fôlego, também um homem pode ceder à imposição do anonimato num organismo urbano tão imponente como o de Los Angeles. Como resgatar a nossa existência do anonimato? Como abandonar a letargia em massa que parece contaminar e controlar o movimento rotineiro e resignado dos corpos da cidade? Corpos contentes com a sua rotina e felizes apenas por sonharem aquilo que poderiam ter sido. E o jazz é isso: um sonho sobre lugares, tempos, imagens, paixões (hélas!). Numa situação limite, esta banda volta a tocar e a ganhar a paixão pela música. Os instrumentos apaixonam-se e tocam uma última vez até um deles perder o fôlego. Uma sessão que dura uma noite mas produz uma das mais belas melodias do ano. Peço desculpa pelo texto vago e abstracto mas é assim que me apetece tratar este filme...

Tiago Pimentel

segunda-feira, outubro 04, 2004



Nightwish: entre o rock e a ópera

Existe um legado muito específico ao rock. Talvez por ser o maior e mais iconográfico de todos os movimentos revolucionários da música enquanto expressão artística social, cultural, pessoal... São infinitas as possíveis variações dentro do rock, desde movimentos "punk" específicos, hard, alternativo, ou até mesmo hard a casar com metal laminado pelo lirismo de uma voz feminina operática. No mesmo sentido de bandas como The Gathering, os Nightwish são uma banda moderadamente conhecida que foram lentamente substituindo a instrumentalidade inicial por uma agressividade gothic-metal (mas sempre com uma ligação carnal às guitarras eléctricas do rock dos 70's) suavizadas pela sensualidade lírica da vocalista Tarja. Nas rádios ouve-se muito o single Nemo, mas já era tempo desta banda receber um pouco mais de atenção. Sobretudo, sabendo que os sobrevalorizadíssimos Evanescence receberam a atenção toda enquanto a grande novidade no gothic-metal e a respectiva vocalista considerada uma das grandes vozes de lirismo rock dos últimos anos. Não só é injusto como revela, sobretudo, falta de conhecimento. Os fãs da banda que não me entendam mal. Claro que podem gostar de Evanescence sem compromisso. Aliás, em boa verdade, a comparação até é relativamente esticada. Enquanto Amy Lee me parece ter um registo mais pop, embora com variações líricas invulgares ao género, já Tarja vocaliza espectros de uma Emma Shapplin acompanhada por metralhadoras acústicas, zunidos eléctricos em solos estimulantes e nunca arbitrários e uma personalidade "folk" muito forte, bem de dentro das suas raízes finlandesas. A descobrir.

Tiago Pimentel

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