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Tiago Pimentel
Críticas dos leitores para: tiago_pimentel@hotmail.com

domingo, abril 17, 2005

A Intérprete: O regresso â elegância clássica

Várias razões existirão para vermos A Intérprete nas salas, mas talvez a mais forte seja para redescobrirmos as coordenadas mais decisivas do thriller clássico. Redescobri-lo como fonte formal e criativa das grandes narrativas de suspense do cinema contemporâneo. É, também, preciso perceber que é um filme que existe num Cosmos diametralmente oposto ao de um Bourne Supremacy - talvez a definição mais aproximada que temos do thriller moderno, alienado no seu formato de teledisco fragmentado, onde o peso de cada imagem está longe de ser pensado. Em boa verdade, quando vejo um filme como Bourne Supremacy, creio que a imagem é menos pensada como cúmplice do nosso olhar e mais como objecto demonstrativo cujo único objectivo é desaparecer meio segundo depois, tentanto simular uma falsa ilusão de velocidade ou trepidação.

Lembrei-me de Bourne Supremacy, mas o problema é, naturalmente, mais generalizado, passando por uma aculturação de montagem que parece começar a definir o cinema (e o público) mais recente. Longe de mim impor um discurso pessimista, até porque cineastas como Shyamalan ou P.T. Anderson invalidam qualquer tese mais apocalíptica em relação ao futuro do cinema. Mas, de facto, existe uma tendência geral que começa na televisão - nos anúncios de meio minuto, nos telediscos estilizados e recicláveis, etc - e se estende para o cinema. E é neste equívoco de imagens sobrepostas que um cineasta como Sydney Pollack se demarca. E para um filme com um orçamento tão elevado, é um risco resgatar a serenidade clássica das imagens. Impor, nos dias que correm, tempo para olharmos para as imagens não é fácil, até porque ser-se espectador de cinema, hoje em dia, é cada vez mais banal. Um pouco como na música, o cinema conquistou o ingrato epíteto de "popular", um dos mais tristes equívocos da nossa semântica. Porquê? Porque ser popular não deveria ser sinónimo de banal.

E, no entanto, uma visita a um museu de arquitectura é considerado cultura, enquanto uma ida ao cinema faz parte de uma agenda de tempo livre onde convivem outros interesses como uma tarde no café ou uma ida ao shopping para as compras do fim de semana. Daí que impor um tipo de cinema que nos desafie o olhar, que nos obrigue a pensar sobre as imagens, sobre os diálogos que nelas se instituem, não é o mais popular que se poderia fazer num tempo em que o espectador mais comum apenas quer ser bombardeado pelo maior número de imagens possíveis para não adormecer nos infelizes "entretantos" que acontecem enquanto uma imagem aparece e desaparece. Claro que estou a exagerar, até porque a ironia sempre foi a forma mais discreta de denunciar os equívocos que observamos à nossa volta. Gosto de pensar que A Intérprete se poderá tornar também num fenómeno popular. Significaria que se popularizou, novamente, a cultura cinéfila tal e qual como ela nasceu. De uma forma diferente claro, mas sempre orgulhosa de ser uma cultura e não apenas um passatempo.

Tiago Pimentel

sexta-feira, abril 01, 2005

Sobre o dia 1 de Abril...

Talvez o único dia em que assumimos as mentiras que dizemos?

Tiago Pimentel

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